Num País onde reinam os valores amorais, a corrupção e a mesquinhez, não me surpreende a forma como se combatem instituições que ensinam os jovens a ser tudo o que o País não é!
Num País onde, todos os dias, jovens são roubados, agredidos e humilhados nas escolas, qual a importância mediática de um caso de alegada violência entre alunos do Colégio Militar?
Num País onde, à luz do dia, traficantes aliciam os jovens ao consumo de drogas, porquê gerar um polémica em torno dos estabelecimentos militares de ensino?
Várias respostas me ocorrem! Nenhuma justifica o circo mediático criado à volta deste lamentável episódio.
Não querendo retirar a importância que tem (em qualquer lugar) um acto de violência contra uma criança, nem tão pouco desculpabilizar quem o pratica, considero necessário pensar na motivação de tais actos, recordando, porém, que seja esta qual for, a violência é sempre condenável,
No Colégio Militar ensinam-se valores de Respeito, Camaradagem, União, Pátria, Disciplina, Honestidade,... Toda a Família Colegial participa desta missão: Oficiais e restantes militares, Professores, Funcionários Civis, Pais, Alunos e Antigos Alunos. Cada um dá o seu contributo, à sua maneira própria e característica da instituição, respeitando o Código de Honra da Casa.
Quem o frequenta (Pais e Alunos) conhece o seu modo de funcionamento e não o questiona porque confia no Colégio e acredita que, esta Casa, forma Homens Honrados, Íntegros, prontos a Servir e a defender os interesses de Portugal.
A situação que agora surge a público, ao que tudo indica, controlada pelos órgãos judiciais competentes, foi, com certeza, um caso pontual, conforme referido pelo Exmo. Sr. Major-General Director do Colégio Militar, e para a qual, ele próprio, já tinha tomado as devidas medidas no seio da instituição.
Parece-me inapropriado e repulsivo o aproveitamento mediático e político feito acerca desta situação, bem como o seu uso para despoletar a desacreditação de uma instituição com 206 anos de História.
Que justiça seja feita ao Colégio Militar, que durante todos estes anos provou ser uma instituição de Prestígio, que dignificou o País e que formou tantos Homens de Carácter na Sociedade Portuguesa Militar e Civil, e não apenas a alegados agressores e a alegadas vítimas deste episódio.
E que tal também, seguindo esta onda de justiça requerida por tantos, pensar em fazer-se justiça também a todos os alegados assaltantes a assaltados, corruptos e lesados, traficantes e drogados, agressores e agredidos do nosso País?
Não terá Portugal e os seus Cidadãos uma urgência maior em resolver estas situações do que enveredar por uma "caça às bruxas" a um Colégio cujo único desígnio é a formação de Homens íntegros e colocá-los ao serviço da Pátria?
Francisco Lamy da Fontoura
Comandante do Batalhão Colegial 2000/2001
Luanda, 23 de Outubro de 2009
